quinta-feira, 17 de abril de 2008

MODA ORIENTAL, entre nessa você também!!!!


Felizmente, não tem nada a ver com a pneumonia asiática. O surto oriental deste inverno em matéria de moda pode ser visto nas vitrines das lojas. Tanto nas coleções de estilistas moderninhos quanto nas grifes caríssimas, passando pelas marcas populares que foram rápidas em detectar a tendência, a inspiração vinda da China, do Japão e vizinhos sempre aparece. "A moda oriental usa modelagem e tecidos leves, por isso é muito adequada ao nosso inverno ameno", diz a estilista paulista Tânia Mortari, uma das convertidas: sua coleção tem vestidos de mangas enormes, como os quimonos japoneses. Entre os orientalismos em voga, a maior novidade é o obi, a faixa larga que fecha o quimono e que, na sua versão estilizada, é um cinto lindo de ver e muito difícil de usar.
O obi japonês tradicional, cuja amarração e arremate em laço elaborado nas costas exigem habilidade e concentração de ritual, era de brocado de seda e tinha, em média, cerca de 35 centímetros de largura e 1,5 metro de comprimento. A versão tropical é mais estreita e feita de cetim, algodão e até couro. "Como a brasileira é louca por cintura baixa, o obi está sendo usado quase como um cinto normal", diz Beatriz Cunha, diretora de estilo da paulista Argentum. O obi estilizado deve ser usado por cima de túnicas e camisas inspiradas nos quimonos: justinhas, decote trespassado e manga larga. Também fica bem com saia reta ou calça de cetim afunilada no tornozelo. Para os pés, há sandálias tipo plataforma com detalhes bordados e forradas com tecidos asiáticos, mas aí todo cuidado é pouco: quem exagerar na dose e sair toda oriental correrá o risco de ficar parecendo figurante de teatro kabuki.
Pagam-se, em geral, entre 150 e 400 reais por um obi mais sofisticado, e não é muito fácil descobrir uma maneira prática de usá-lo – até porque é proibidíssimo para quem tem quadris largos ou seios grandes ou ambos. No Japão, há diversas formas de amarração, inclusive para diferenciar mulheres pela idade ou classe social. Na versão da moda, basta cruzar as pontas nas costas e arrematar com um laço na frente. A grife carioca Totem, que juntou idéias orientais ao colorido e aos tecidos da moda praia – mistura que ganhou o nome de "japoneguismo"–, inventou uma prática calça com obi acoplado. Já a paulistana Daniele Mabe, 24 anos, neta do artista plástico japonês Manabu Mabe e estilista compreensivelmente chegada a referências orientais, usou tachas e tecidos de oncinha para fazer blusas com gola alta, tipo Mao, e quimonos estilizados. "Ficou uma gueixa punk", diz.
O Oriente influencia tecidos e estampas no Ocidente desde o século XVIII. Na era contemporânea, a grande eclosão de orientalismo aconteceu nos anos 70, quando estilistas japoneses como Issey Miyake e Kenzo, estabelecidos em Paris, passaram a misturar tradições nipônicas a idéias européias. A tendência do momento é menos profunda do que as transformações introduzidas por esses mestres da costura, que trabalham com formas e conceitos rigorosos. O orientalismo do momento é alegre, colorido, quase folclórico. O americano Tom Ford, conhecido disseminador de tendências, usou obis para arrematar vestidinhos fluidos, batas e paletós de cetim encorpado na coleção do inverno passado da italiana Gucci. O inglês John Galliano, inspirado nas viagens que fez à China e ao Japão, promoveu um delirante desfile-show, com acrobatas e lutadores de kung fu, em suas criações de alta-costura da Dior deste verão. No fértil ramo dos acessórios, a Louis Vuitton chamou o artista Takashi Murakami para desenhar peças inspiradas nos mangás, os quadrinhos japoneses. As novas bolsas têm estampa com 33 cores (inclusive o logo, que pela primeira vez ganha vários tons) e a marca registrada de Murakami, aquele olhão de personagem de desenho animado. Custam entre 3.600 reais e 9 600 reais, mas não adianta ir à loja procurar. A fila de espera é de meses.
Fonte: Editora Abril

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